ESCORRO POR MEUS VERSOS
*Marlene Constantino*
Meus versos são como a água corrente abrindo comportas, deixando fluir. São como rios em cheias, não cabem em mim.
Minhas corredeiras rasgando vales, escorrem pelos poros e o verde turvo dos meus olhos e, demoradamente, regalo-me em meus riachos cheios de luares, pontilhados de estrelas.
Tantos sonhos escorridos pela ponta dos dedos deslizam no papel como se estivessem nos pés de uma bailarina.
São tantas as sensações, que entorpecem e embriagam e que algumas vezes turvam o que é, foi, ou será, mas são minhas e tão somente minhas as raízes dessa latência, que desperta em cada chamado meu.
Numa linha de verso desaguando agonia do que não foi e o que não poderá ser: “Eis que surge um verso em tempestuoso mar”
31/05/2009