Imagem: Arte Mara Pontes
O POÇO
Marlene Constantino
O poço de boca escancarada,
agita e chama...
e o canto da roldana, cala...
Nenhuma goteira.
Tudo silencia.
Parece que nem a grama respira,
ela ama um chuvisco...
Por onde ele anda, que não vem
mergulhar
no encanto de um poço contente?
Jogar uma estrela nas águas
de uma boca carente...
... E, o poço de boca escancarada
grita mais um tanto,
como se quisesse mover a roda
da vida.
Sacudir, soltar as cordas,
ouvir a voz de um soluço molhado,
penetrando
as paredes secas de um olhar encolhido.
Ouvir um canto de glória
escorrendo
nas bordas vazias de um céu recolhido.
27/12/2009