  SENTA AQUI, VAMOS CONVERSAR Marlene Constantino Não posso insistir que me leia, apenas escrevo, mesmo que os seus olhos busquem algo mais interessante, que as minhas palavras. Às vezes falo comigo, outras com você, isto quando não estou em uma conversa acirrada com as estrelas. Gosto de me perder na profundidade do céu, de me encontrar com tudo que é sereno. Gosto de olhar para o que não vejo e escutar o murmúrio dos anjos. Sei que tudo o que eu sinto tem um quê de céu e um quê de mar. Às vezes sou peixe, me vejo em águas profundas, na escuridão do oceano. Gosto de sentir o fluir das águas, o cheiro da vida, tudo ali tem um quê de pertencimento. Um universo meu, o que sou e o que virei a ser. O oceano guarda muitos mistérios, às vezes medonhos, assustadores. Confesso. Tenho muito medo da escuridão, mas sem ela como poderei ver as estrelas? E, quando ave, não deixo que nada me impeça o vôo. A liberdade é renascimento. A liberdade é azul. A liberdade é céu. Falo dos meus gostos e dos meus momentos, mas tudo o que sou ainda não desvendei, é um mundo adormecido, só sei que carrego dentro de mim uma caixinha cheia de surpresas. Acredite, já dancei bastante nesta vida, já me pisaram bastante os pés, mas já bebi bons vinhos. Sei que o tempo ainda me dá tempo de amar, de sentir arrepios, de sonhar, escrever enquanto as minhas linhas conseguirem trazer este meu lado juvenil ou enquanto ainda puder dizer-lhe algo. Ainda sinto a necessidade de respirar e sentir os jardins da vida e de me fazer bonita para mim ou para o olhar do bem vier. Penso que o tempo é generoso comigo porque não penso nele, talvez seja esta uma forma de eu insistir na vida, de querer abraçar com as minhas asas todas as palavras, todas as minhas lembranças, do inferno ao paraíso, antes de cair no silencioso abismo. Marlene Constantino Marlene Constantino
Enviado por Marlene Constantino em 14/03/2018
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