Imagem: Arte Auber Fioravante Jr
MEUS OLHOS VAZAM
Marlene Constantino
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Mórbido tremor, calou-lhe os lábios,
chorou só, entregou-se ao seu degredo.
Quis gritar ao invés de silenciar,
mas calou-se no mais dolorido enredo.
Sabê-lo assim tão consumido, num rumo
tão incerto e em noites tão vadias;
sob luares tão chorosos, a alma estirada
na lápide fria, é a minha mais profunda dor.
Quis tê-lo nos meus braços, acolhê-lo
no remanso do peito, num sereno
embalo afugentar a fera, que o oprimia
e dizer palavras de amor em sussurros.
Quis não chorar, mas não pude
vazaram todos os mares do meu ser.
Pudera eu colher cada gota, uma a uma,
e lavar aquela alma em água santa.
Mergulhava aquele coração desprotegido
em renovada esperança.