COLECIONADOR DE MENTES
Marlene Constantino
Longe do mar, das cachoeiras,
das árvores, dos vôos intermitentes
a realidade se avulta nua e crua:
- Procurei a chave para portas fechadas,
bocas seladas...
- Afaguei restos de orvalhos gotejantes
em folhas embotadas...
- Carreguei no dia a dia uma multidão
de desencantados da vida...
- Caminhei por histórias, sombras, lampejos...
Sonhos tantos,
que não me é dado viver, nem sonhar.
Colecionei mentes:
- carentes, loucas, perversas, indecentes.
Eu?
Em segredo fui guardado
à sete chaves num canto qualquer.
Meu coração?... já não sei se foi meu,
ou se a alguém pertenceu.
Meus sonhos?
O tempo tão impiedoso, varreu sem dó
o meu tapete de estrelas.
29/05/2011