Imagem- Art Mara Pontes
E, EU CANTO
Marlene Constantino
Aposto nas minhas pernas, no meu canto,
na minha dança;
na corda que um dia hei de subir,
na montanha que me levará à vastos horizontes.
Meu sangue é água, refrigera meu coração
no ápice da dor e das artimanhas da vida.
Deus não me deu asas para voar,
deu-me apenas um punhado de penas para soprar.
Ponho-me de pé, assopro e as vejo subir
nas asas de um riso convalescente.
Repudio as queixas, a malfadada língua
que só empurra para mais um abismo. Digo não!
O caminho é meu e meu sempre será.
É um lume tão incerto o caminho, confesso!
Tão frouxo aos pés da espera,
tão largo aos olhos do sonho.
Deixo-me ir...
Caminho e volto a mim e mais nada.
28/04/2012