Oculto no espelho
- Esse Eu -
o crucificado, ferido, maltratado,
perdido em tantas lamúrias...
Eu - Sem esteio, sem meio,
engolido pelo vácuo do espelho...
Ruminante de infortúnios,
coçando chagas,
destilando ódio, vomitando impropérios,
engasgando no próprio fel.
Eu - sacro-santo altar da própria crença,
maculando o verdadeiro amor.
O santo atolado
num egocentrismo sem rendição.
Um 'Eu' em desmedido sacrilégio,
em arguição, o dedo em riste,
medonho acusador condenado à própria sorte.
'Eu' quem és tu atrás do véu?
Não te reconheço em desmedida distorção.
Acusa-me mais uma vez,
- oh poço das antigas mágoas!
Coloca-me mais uma vez
no útero maldito das tuas profanas águas" !
17/04/2011