À NOITE
Marlene Constantino
Parece inerte a noite,
largada em seu abandono, mas não é.
Faz do silêncio extremo, um espanto.
Mata-me a calma.
Revivem as sombras na memória,
semeando trevas e aflições.
Ah noite!! saia por esta porta afora,
não acorde os mortos,
nem meus sentimentos adormecidos.
Não lance nos meus olhos
a flor que não posso recolher.
Não mine os meus olhos de orvalho,
nem afague meus desenganos.
E, se voltar seja branda comigo,
traga-me o luar, o perfume da brisa.
Faça de suas asas o meu descanso e abrigo.
Meu peito não mais apetece a dor
que ora espreita e amedronta.
Não, não mais será minha.
Quero sorrir, sorrir, cantar e cantar
até que um dia se finde o que eu tanto esperei.
01/06/2010