SOLTA NO ESPAÇO
Marlene Constantino
Choro eu agora, tu chorarás também!
E que nossas lágrimas formem lagos de alegria,
pois que de chorar a triste maresia
se fez espinho a flor, que dos olhos brotam.
Hei de querer na mera despedida,
um jardim de açucenas e sempre-vivas.
Hei de voar no espaço desprendida,
diluir-me como o vento, nas horas, sem tempo.
Lembrar de ti? Quem sabe? Se de mim vago
sem pensamento, sem poeira e sem estrada.
Por que vens bater na porta, agora, poesia?
Não me reconheço neste irreal momento!
30/01/2010