Imagem: Arte Neusa Suely
TURVA É A CHUVA
Marlene Constantino
Fecham-se nas hastes as rosas,
Tremulam as águas
e eu curvo-me inteira.
Pensar não quero,
sinto um medo tamanho.
Não me peça para falar
porque as rosas
não se revelam assim;
ficam silentes,
choram um visgo rubro.
Eu no meu silêncio
choro o amor orvalhado
impiedoso espinho.
Sinto frio, arrepio
de mal agouro,
assim como as rosas,
trêmulo no vento,
descrente,
deserdo da voz a palavra;
Enquanto os olhos escorrem
emudeço, engulo a seco
o meu deserto.
06/08/2010