O HOMEM E O MAR- Marlene Constantino
Meus pés descalços passeiam na areia, sentindo as carícias do mar e o pensamento voando livre. Gosto de olhar longe, talvez seja por isso que o horizonte me atrai.
Gosto de ultrapassar as minhas idéias, no sentido de que tudo é possível. E, é numa dessas caminhadas, não muito longe, antes que os meus olhos pudessem desviar, vi um sol diferente: - Um homem de tez morena, com um livro nas mãos, absorto olhando o mar.
Caminhei um pouco mais, e sentei-me na areia para observar. Não sei se via o retrato da paz, ou do meu caos interior.
Naquele momento eu percebi, que haviam muitos horizontes, o dele, o meu e de toda natureza ali presente.
Senti vontade de me aproximar, de tocar, quis me fazer horizonte aos olhos dele, de dizer o quanto eu estava comovida e perguntar o que lhe ia na alma, mas eu recuei porque naquele momento eu percebi que o mar era dele, o horizonte também era todo dele. Todos os pássaros do céu eram dele. Toda ternura daquele momento pertencia àquele olhar.
Eu era apenas um passante, sentindo as carícias do mar e, o espírito do oceano povoando a minha mente.
Marlene Constantino