FALE DE AMOR
Marlene Constantino
Vem, mude o verbo, fale de amor.
Tire o fel — dos teus lábios, quero o mel.
Adoce a vida, apazigue em mim a dor.
Vem, mude a direção; contorne, retorne:
há bocas de leões ferozes, famintas,
que povoam campos abertos, minados.
Vem, mude o verbo, fale de amor.
Fale do essencial, submerso no mar;
da luz que acende a chama da intuição.
Vem a mim, doce, suave pluma — liberto,
desperto em nuvem, em flutuante poesia.
Quero-te em mim cálido, aberto em flor,
no contorno dos lábios, na íris do olhar,
embevecida na alma à tua luz cristalina.
Vem, mude o verbo e fale de amor.
04/07/2007